terça-feira, 10 de março de 2015

O ASSISTENTE SOCIAL E A ACESSIBILIDADE! - O QUEBRAR DAS BARREIRAS SOCIAIS DA PESSOA OSTOMIZADA 


Quando falamos em acessibilidades para o cidadão portador de deficiência ou com dificuldade de mobilidade, ao nosso pensamento vem logo o utilizador de cadeira de rodas, é verdade, talvez o mais visível mas, não só a estas pessoas são colocados obstáculos e a Pessoa Ostomizada?

Apenas quem está ou passa por esta condição consegue identificar os obstáculos as inacessibilidades, sejam eles de carácter arquitectónico, social ou cultural.

Falamos tanto em acessibilidades promotoras da integração deste cidadão numa sociedade global que em muito deixa a desejar pela falta de inércia das entidades responsáveis sobre matéria. Ainda estamos muito longe de atingir os objectivos mínimos. Garantir a igualdade de direitos do indivíduo portador de deficiência deve, de uma vez por todas tornar-se ponto de convergência por parte das entidades nacionais com essas competências sejam elas locais ou nacionais. Mas nem tudo é assim tão negro, na Cidade do Barreiro, desde 4 de Junho de 2009 que existe um paradoxo, algo de extraordinário foi construído, assente num conceito de parceria social, de investigação académica e assente na prática e experiencia da própria pessoa ostomizada.    

A acessibilidade em sentido lato é, sem dúvida, uma área de intervenção prioritária para garantir o respeito pelo princípio da igualdade de oportunidades e o combate à discriminação. Falar do direito à saúde, à justiça, à educação, à formação profissional, ao emprego, à cultura e ao lazer das pessoas com deficiências ou incapacidades, é falar também da remoção de obstáculos físicos e intelectuais existentes na sociedade e que por vezes impedem, o acesso a bens e serviços.

O reconhecimento da acessibilidade enquanto direito da realização pessoal e da participação activa das pessoas com deficiências ou incapacidade deve ganhar um novo impulso.

Em 2009 arriscando os mais diversos conceitos de acessibilidade e através do diálogo com o Eng. Spencer Ferreira (Rio de Janeiro) ele próprio um cidadão ostomizado e titular dos direitos de autor no Brasil sobre o conceito em estudo “Banheiros Adaptados” o Serviço Social Português constituiu uma ideia própria para o desenvolvimento deste importante projecto em Portugal, o “Wc-Polivalente” (Processo de Registo INPI20091000101271) que não é nada mais, nada menos do que a ideia do ostomizado brasileiro adaptada arquitectonicamente e socialmente para a realidade da pessoa ostomizada portuguesa. Ao envidarmos esforços para a implementação deste projecto, ganhámos a satisfação de mais uma vez estarmos na vanguarda do pensamento social em prol deste cidadão, tornando o Barreiro na primeira cidade do mundo pró-ostomizada.

Formular, pensar e sugerir formas de promoção do bem-estar social do portador de ostomia, é com certeza um desafio lançado ao Serviço Social e desenvolvido pelo Assistente Social em parceria com a restante equipa multidisciplinar, construir uma grande corrente de solidariedade e de pensamento, para fazer com que cada pessoa ostomizada tenha acesso a este conceito e dele possa usufruir em pleno, é o objectivo principal.  

Assim, espero que todo o cidadão, em especial a pessoa ostomizado, possa usufruir deste projecto, contribuindo com sugestões, comentários e críticas para o seu aperfeiçoamento.

A sua implementação em países como Brasil, Japão e no presente momento em avaliação no Reino Unido, observando como exemplo prático Portugal, coloca esta problemática no topo das preocupações sociais e da acessibilidade para a pessoa ostomizada.

Portugal deve adoptar obrigatoriamente medidas maximizadoras do bem-estar desta pessoa, procurando a melhoria da sua auto-estima e condição de cidadania.

Implementar o Wc-Polivalente em Portugal e muito em especial tendo como “berço” a cidade do Barreiro, na Liga dos Amigos do Hospital Distrital do Barreiro, no Restaurante Verde Minho, Centro Hospitalar Barreiro Montijo ou a Clinica de São Gonçalo é motivo de regozijo posicionando-se assim na vanguarda das novas medidas estruturais e sociais de reintegração para a pessoa ostomizado ou portadora de dispositivos de eliminação tornando-se a incubadora, para outros pontos geográficos de Portugal, como foi o Centro Hospitalar Tâmega e Sousa - Penafiel e a Área de Serviço de Santarém (A1), seguindo-se outras áreas da Eurest localizadas nas auto-estradas de Portugal que vão permitir uma mobilidade quase total da pessoa portadora de ostomia de eliminação.

Este projecto foi considerado como uma mais-valia para o cidadão portador de deficiência tendo sido considerado pelo Instituto Nacional para a Reabilitação a integração do mesmo no futuro grupo de trabalho para a alteração da Lei da Acessibilidade (Decreto-Lei 163/2006).

“O objectivo é tornar visível a luta contra qualquer tipo de discriminação e reafirmar, diante da sociedade e das autoridades, a existência de pessoas submetidas a esta condição física, social e emocional"

Vítor Bento Munhão
Assistente Social – Social Team Consultant

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