Vitor B Munhao (*)
A preocupação no reconhecimento da profissão e da classe é uma constante
no nosso dia a dia mesmo quando as dificuldades no terreno são para além do que
se possa considerar surreal. De forma descarada observamos a implementação de
medidas sociais onde a profissão de referencia é remetida para canto e sem que
lhe seja reconhecida o mérito do conhecimento teórico e prático desta classe, pelo
menos que seja pela sua idade, 100 anos, tantos quanto Mary Ellen Richmond
quando construiu o primeiro Diagnostico Social.
Somos cada vez mais uma profissão que urge pelo reconhecimento por parte
da figura do Estado e não da parte de políticos transitórios ou outros que se
vêm como perpétuos nas bancadas do Parlamento!
Na ultima década os Assistentes Sociais têm sido JULGADOS através das mais
diversas atitudes de desconsideração protagonizadas por governantes que ignoram
a importância da profissão, jornalistas que procuram o dinheiro fácil das
vendas e audiências, mas têm um medo incomum das grandes averiguações jornalísticas
e pela opinião publica enganada pela difamação desmedida e de conveniência tornando
a profissão o BODE EXPIATÓRIO de uma sociedade que se afirma preocupada socialmente.
Uma época negra e sem sabor de paz social apesar dos muitos profissionais
que com toda a sua força, garra e vontade individual ou colectiva procuram
soluções diariamente muitas vezes contra os propósitos das entidades patronais,
onde muitas vezes colocam o seu próprio posto de trabalho em causa.
O Assistente Social lidera digo eu, a maior lista de (des)
empregabilidade desde 2005, continuando o Estado com as suas estratégias
militares camuflando intencionalmente e ao ritmo das apetências de alguns
grupos económicos, a taxa de desemprego desta profissão. Constituem-se 4000
vagas para estágios que não deixam de ser precárias e em grande parte sem futuro
servindo apenas como arma estatística e de aproveitamento politico ou para
cumprir calendário dos fundos europeus.
Durante a campanha do Partido Socialista o seu candidato e agora
Primeiro Ministro afirmou a sua vontade improtelável no reconhecimento da ORDEM
dos ASSISTENTES SOCIAIS se a vitória fosse do PS. Admito que nenhum governante
teve até ao momento a coragem de o assumir numa campanha eleitoral e de forma publica,
mas dai até o fazer já todos morremos de velhos!
É vergonhoso ter que iniciar mais uma vez, talvez pela 3ªvez se não me
falha a memória todo um processo que é mais conhecido que o Pastel Bacalhau e como
se pela primeira vez se tratasse! Conduzindo ardilosamente a um agastar de
forças e vontades levando os Assistentes Sociais pela fadiga emocional a depor as
armas e talvez, quem sabe se resignem apenas por uma pequena nota reguladora!
Nunca em tempo alguma me havia apercebido que tantos Assistentes Sociais
ocupavam as cadeiras da Assembleia da Republica depois de perceber que todos os
dias surgem novas ideias ditas sociais e preocupadas que quase me levam a
pensar que não existe de facto a necessidade da regulação da profissão e onde
cada novo dia é uma surpresa do ponto de vista metodológico e ético das acções
tomadas por estes Assistentes Sociais Políticos.
Assistimos de facto a um intrometimento por parte dos interesses
instalados confederações, federações, confederados e federalistas entre outros
onde não interessa dar o devido valor a uma profissão tão necessária bem como
aos profissionais que a integram.
Todos os dias, só não vê quem de facto não quer o amorfismo que é
elaborado através dos concursos cuja intenção passa unicamente por provocar o
definhar do pouco que resta da profissão através da digamos, pluralidade de
designações que lhe são atribuídas, sendo a ultima designação descoberta
Licenciatura em Área Social e de Orientação. “Ofertas de Emprego” onde e para
além da misticidade exotérica oferecem valores de remuneração vergonhosos e em
alguns casos com funções descontextualizadas da profissão e onde em nada do
ponto de vista legal e ético não é assumido por ninguém, levando-me não só a
pensar que os interesses agasalhados em Portugal e na profissão vão mais além
daquilo que seja possível conceber levando a que qualquer dito pensador vista
umas calças de ganga e enfie umas botas, É ASSISTENTE SOCIAL!!!
(*) licenciado em Serviço Social
/ Pós-graduado em Gestão de Unidades Sociais e de Bem-estar / Member of the
Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) / Member of the British
Association of Social Worker (BASW) / Member of the British College of Social
Work (BCSW) / Member of the International Association for the Defense of the
Ostomy Person (AIDPO) / Member of the World Council of Enterostomal Therapists
(WCET)
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