(*) Vitor
Bento Munhão
Muito
se diz, muito se comenta nas redes sociais sobre o Sindicato Nacional dos
Assistentes Sociais e seus órgãos sociais.
Fundado
a 15 de maio de 2013 e do qual afirmo que muito me honra ser um dos seus
fundadores. Contudo e face às alterações e noticias que têm vindo a publico no
decorrer nos últimos dois anos entre renúncias e demitentes ou presumíveis
eleições virtuais não posso deixar de me sentir despojado ou defraudado pelo
vincular das notícias quase que diárias de actos menos claros por parte dos
órgãos sociais do SNAS, bem como do noticiar de passeios ou actos que em nada
acreditam esta figura, que deveria ser algo de orgulho para a classe e seus
profissionais.
O
sindicato poderia ter reforçado a sua importância no actual contexto socioprofissional
como instituição respeitada, única na sua essência, utilizando uma postura muito
além do papel de mediador entre o profissional e o patronato, uma atitude
convergente na defesa dos valores e direitos profissionais não só dos
associados, mas da classe em geral.
Uma
instituição que ao fim de quase seis anos, deveria ter tido a capacidade de
levar junto das entidades patronais, tutela uma negociação laboral forte, séria
e credível para além de estruturada e programada a médio e longo prazo,
acompanhando as diversas mutações sociais e profissionais da classe.
Deveria
ter-se constituído como figura central na defesa dos direitos sociais e
laborais do assistente social, bem como na salvaguarda das competências,
direitos e deveres da profissão, constituindo-se a par de outras similares a
nível europeu ou até sul americano, mas não aconteceu, muito pelo contrário.
O
facto do SNAS ter integrado uma central-sindical, do meu ponto de vista para
além de quebrar a independência social e política da instituição, acima de tudo
elimina um factor que para mim é obrigatório neste tipo de instituição,
verticalidade, sem este factor um sindicato torna-se prisioneiro, dependente da
vontade e contexto político de determinados grupos, que muitas vezes vão contra
as necessidades da classe.
As
decisões do SNAS que têm vindo a ser tomadas em supostas assembleias gerais
ordinárias e extraordinárias onde apenas meia dúzia de associados, talvez de
vinte ou trinta activos quando em Portugal julgamos a existência na ordem dos
quinze a dezasseis mil profissionais de serviço social, estão feridas de
imoralidades, para além do elevado grau de dúvida que tem provocado em muitos
profissionais sendo que e quando a massa critica deste sindicato se resume a
seis, sete ou dez associados que tomam as decisões de fundo, o resultado com
certeza que não será o mais credível nem motivador do associativismo por parte
dos profissionais, muito menos irá transmitir um clima promocional da importância
da classe na sociedade.
Certo
é que nunca me associei, pelas mais diversas razões das quais no mesmo dia em
que foi fundado o Sindicato Nacional dos Assistentes Sociais informei a
Assembleia Geral e posteriormente a Comissão Instaladora, da razão pela qual
não fazia intenção de integrar os órgãos sociais e quais os motivos, pelo que
não irei imiscuir-me com maior profundidade porque entendo que, não sendo
associado, não pago cotas logo não tenho moral para a critica.
No
entanto do meu ponto de vista, atingimos o patamar do que se pode considerar o chacotear
da classe, do profissional e suas competências quando todos comentam nas redes
sociais, mas por ai ficamos deixando a profissão cair no ridículo, no
descrédito seja ele provocado por quem quer que seja e onde os profissionais
desconhecem ou fazem que desconhecem que, não existe sustentabilidade se não
existir massa critica que questione, que participe ou que contribua para o
próprio suporte da defesa e apoio financeiro, pois todos sabemos que a
complexidade e envergadura representativa de quinze ou dezasseis mil
profissionais não é “pera doce”, obrigando a um suporte financeiro pesado, não
só ao nível da própria estrutura física e organizacional, muito em especial na
manutenção de um gabinete jurídico não só forte, mas acima de tudo conhecedor
da realidade profissional da classe, não só em Portugal mas também fora dele.
O
peso financeiro do quadro de pessoal, representação da instituição, desenvolvimento
e marketing etc., é uma realidade bem presente, mas que muitos profissionais
recusam aceitar julgando que tudo se faz de “borla” ou através do
“voluntariado”, mas foi, é e será essa realidade que um sindicato não só com o
peso social, mas acima de tudo digno de nos representar. Sem estes ingredientes,
temos um sindicato, digno de representar “fantasma ou redes sociais”!
Infelizmente
em Portugal a classe vive uma atitude desintegradora do movimento sindical,
passando ao lado deste mecanismo de defesa pelas mais diversas razões,
nomeadamente ao nível do momento de ensino da profissão onde se evita esse
mesmo ensinamento na defesa da classe, propagando-se uma “cegueira generalista”
e propositada que a meu ver, é fatal para a salvaguarda dos direitos sociais e
laborais do assistente social e que nos tem levado cada vez mais a sentir a
total ausência de direitos e desrespeito pela dignidade da profissão e pessoa e
onde apenas se reforça o dever profissional.
Julgo
que todos percebem a importância social e os objectivos profissionais na
existência da futura Ordem dos Assistentes Sociais e talvez num futuro
Sindicato Independente dos Assistentes Sociais. Também sabemos que durante o
processo de negociação da OAS ou de constituição do SNAS, poucos foram os
intervenientes, poucos foram os que deram a cara ou de uma forma mais
dissimulada ou até mesmo encoberta deram a ajuda possível, mas deram! Ao
contrário do actual momento onde já se observam movimentos de pseudo interessados
numa candidatura a Bastonári@, criando logo divergências estruturais que se por
ventura fossem aceites seria o retrocesso ao Jurassik Park, bem como outros que na procura de uma posição
confortável, negam-se a aceitar de facto, a patologia paliativa e social de um
sindicato que está gravemente ferido, nomeadamente pelas ilegalidades cometidas
com a conivência de todos nós.
Precisamos
da Ordem dos Assistentes Sociais? obvio que sim, a regulamentação e seu
controlo é fundamental para o “renascer” da dignidade quer da profissão quer do
profissional, a negociação de novas políticas publicas bem como do contexto
académico e definição de competências profissionais!
Precisamos
de um Sindicato (Independente) dos Assistentes Sociais possante? Mais
que óbvio, caso contrário a OAS, não terá supostamente a capacidade jurídica
para a aplicabilidade das linhas de orientação, para a defesa de direitos e o
reforço da respeitabilidade pelos profissionais, ficando a classe numa condição
laboral e social em muito semelhante ao que actualmente se vive ou até mesmo
afirmar que passaríamos simplesmente a sobreviver na Zombie Land.
A
actual “assistência” sindical tem obrigatoriamente que ser encerrada para
impedir que a classe se mergulhe na obscuridade e iniciar-se uma nova era, um novo
paradigma ajustado não só pela experiência, merecido respeito e dignidade, mas
acima de acima de tudo pelo respeito e consideração do profissional como pessoa
humana! É fundamental que nasça uma nova representação jurídica que para além
de forte deve aglutinar massivamente os assistentes sociais para uma luta que
não se avizinha fácil, muito pelo contrário!
Precisamos
de voltar a respirar, seriedade, credibilidade, respeito institucional e motivação
para sair de novo para a rua “sem medos”! Mas sim olhado como um profissional
que é o mediador entre as políticas publicas sociais e a pessoa.
© Esta reflexão em nada tem a ver com a APSS ou SNAS,
sendo única e exclusivamente uma opinião pessoal e profissional de minha
inteira responsabilidade!
(*) Licenciado em Serviço Social – ULHT / Pós-graduado em
Gestão de Unidades Sociais e de Bem-estar – ULHT / Doutorando em Serviço Social
- ISCTE / Member of the Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) /
Member of the British Association of Social Worker (BASW) / Member of the
British College of Social Work (BCSW) / Member of the International Association
for the defense of the Ostomy Person (AIDPO) / Member of the World Council of
Enterostomal Therapists (WCET).
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