domingo, 5 de janeiro de 2020

QUEBRAR O PARADIGMA É URGENTE - PROFISSÕES CADA VEZ MAIS INDIVIDUALISTAS

(*) Vitor Bento Munhão

Desde sempre e agora cada vez mais nos apercebemos dos secessionismos extemporâneos profissionais e o pavor de que nos roubem a profissão.

Cada vez mais isolados e sem qualquer tipo de substância de prova o Serviço Social em Portugal é tido como uma profissão de segunda categoria, permitindo que alguns lobys a seu belo prazer se imiscuam em toda a gestão desta profissão, seja na regulação ou na defesa dos direitos sociais e profissionais. A preocupação do “quem é e não deixa de ser” seja a atingir o nível do ridículo onde se afastam excelentes profissionais apenas por se terem formado num Politécnico, coisa que ainda não percebi muito bem onde está a diferença quando percebo docentes que dão aulas em ambas as instituições académicas.

Algo de muito mau vai neste país quando assistimos ao reinar de uma luta desorganizada e provocada pelos interesses obscuros de alguns grupos. Grupos que e em causa própria lhes interessa esta confusão, promovendo contextos de indefinição e recusando a assumir um papel organizativo ou digamos até mesmo de apaziguamento profissional. Grupos onde a recusa inclusive da especialização profissional é algo aterrador levando-os a negar por completo o factor vital e importância de uma Assistente Social com uma Especialização!

Perceber o que são os Politécnicos ou Universidades? Num contexto de ensino Público ou Privado? Em que ficamos, quando temos que admitir que algumas das antigas escolas são hoje talvez os principais interessados na desorganização face ao baixar drástico do número de alunos em cada ano e onde tudo gira em redor do dinheiro e de grupos VIP´s!

Professores que misturam a sua docência entre o público e o privado e onde julgo que não devem ter programas específicos para cada uma das entidades onde leccionam logo pergunto, qual a diferença entre um Politécnico e uma Universidade? Quando e afinal de contas as universidades são os maiores produtores de desempregados e onde se pode comprovar o número de profissionais a emigrar.

Podemos hoje afirmar que no período entre Janeiro de 2014 e Agosto de 2017 os profissionais que se formaram em Universidades portugueses superaram em larga escala os que se formaram em Politécnicos, não quero com isto afirmar que um politécnico tem maior percentagem de empregabilidade, mas que supostamente está ao nível de uma Universidade, não tenho duvidas!

Para se perceber algumas ideias ou afirmações temos de estar minimamente integrados no contexto profissional de diversas profissões, nomeadamente ao nível do Assistentes Social e Educador Social onde quer se goste ou não as diferenças formativas são pouco diferenciadas, provocando as mais diversas discussões de concordância.

Assim podemos tomar em consideração que no período mencionado, a taxa de desemprego é bastante elevada e sem qualquer controlo por parte das entidades formativas ou representativas das duas classes.

Não existindo um registo fidedigno dos Assistentes Sociais em Portugal, apenas um número pouco fiável +/- 16 mil profissionais foi desenvolvido um estudo sobre as suas origens académicas, condições de trabalho e empregabilidade do Assistente Social Português fora de Portugal entre o período mencionado 01/2014 e 08/2017 tendo sido validada uma amostra de 248 profissionais a residir fora do País e considerando em exclusivo o Reino Unido, onde 46% são oriundos de Universidades e Institutos Superiores considerados de renome, como é o caso da Universidade Católica, Instituto Superior de Serviço Social do Porto/Lisboa e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, seguindo-se o Instituto Superior Miguel Torga e a Universidade Lusófona de Lisboa e Porto. Universidade de Coimbra e dos Açores ficam-se pelo meio da tabela com 19% dos profissionais a residir em Inglaterra e no País de Gales.

O Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas com 11% dos profissionais a “optar” por trabalhar em terras britânicas. 7% destes profissionais optaram por tirar o seu grau académico em universidades Britânicas, como London College University, East Anglia University ou Oxford University, 2% na Universidade de Murcia e Universidade de Santiago de Compustela. Entre 10 a 15% são profissionais formados nos Politécnicos de Beja, Viseu ou Castelo Branco entre outros. Assim deixo ao critério da avaliação de cada um para que possam tirar as conclusões que julguem mais adequadas sobre os números presentes e importância dos estabelecimentos de ensino.

De facto e cada vez mais apesar do fecho de alguns cursos dos 23 que existiam em 2015, julgo ser tarde de mais pois o número de desempregados foi produzido durante os últimos quinze anos sendo que e na minha modesta opinião minimizar esse número a valores europeus obriga a que a estrutura profissional e representativa tenha obrigatoriamente que mudar o paradigma muito em especial com o assumir das especializações, acrescida obrigatoriamente da devida regulamentação, seja ela através de uma Ordem Profissional ou de uma entidade reguladora tal como no Reino Unido ou outros países da EU, onde a taxa de desemprego se situa perto de 2.12% em muito provocado pela forte taxa de entrada de profissionais oriundos do mundo inteiro ou até pelas mais diversas especializações promovidas pelos estabelecimentos de ensino a partir do terceiro ano de curso.

Julgo que e para marcar de uma vez por todas as profissões que integram os serviços sociais portugueses, em especial a do Assistente Social, devemos obrigatoriamente constituir-nos como parceiros privilegiados de discussão e permuta de conhecimento, caso contrário continuaremos a ser “comandados” por fontes externas e sem qualquer plasma de conhecimento de uma realidade cada vez mais descontextualizada da profissão e dos seus conceitos.

Espanha é também um exemplo a seguir, onde e também de igual forma é reconhecida e estimulada a especialização nas mais diversas áreas, como a área clínica hospitalar, saúde ou o contexto ambiental, Portugal continuamos a navegar ao sabor dos ventos de norte ficando cada vez mais a milhas de distância da inovação formativa.


(*) licenciado em Serviço Social / Pós-graduado em Gestão de Unidades Sociais e de Bem-estar / Doutorando em Serviço Social / Consultor / Member of the Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) / Member of the British Association of Social Worker (BASW) / Member of the British College of Social Work (BCSW) / Member of the International Association for the Defense of the Ostomy Person (AIDPO) / Member of the World Council of Enterostomal Therapists (WCET)
 



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