CARTA ABERTA
EXMO.
SR. PRESIDENTE DA REPUBLICA
EXMO.
SR. PRIMEIRO MINISTRO
EXMO
SR. MINISTRO DA SOLIDARIEDADE, EMPREGO E SEGURANÇA SOCIAL
EXMOS
(AS) DEPUTADOS PARLAMENTARES
Ainda não surgiu
um Governo que tivesse a coragem política de se assumir como parceiro social para
a constituição da Ordem dos Assistentes Sociais, permitindo desta forma a
regulamentação profissional e do profissional. Não sendo de estranhar a crença
do actual governo, diga-se de passagem que os anteriores não foram melhores, na
recusa da constituição da Ordem dos Assistentes Sociais.
Pessoalmente estou
cansado de promessas e outras artimanhas políticas que nos levam a continuar em
impasses. Impasses que têm sido propositadamente incitados por outras
profissões ditas das Ciências Sociais, Educação e até da Saúde que nunca
olharam com bons olhos a regulamentação desta profissão.
Cada vez mais o respeito
pela dignidade da pessoa humana é posta em causa, quando o aparelho do estado
permite que outras profissões, nomeadamente psicólogos e enfermeiros se arroguem
de forma mascarada como Assistentes Sociais, efectuem de forma absolutamente
contrária aos desígnios do que é o SERVIÇO SOCIAL que deveria ser protagonizada
pelo Assistente Social. Actuação que afirmo, colocar em causa a pouca saúde que
ainda resta ao Estado Social, se não colocou já!
Assistimos hoje
ao reforçar da acção misericordiosa e assente num assistencialismo de conveniência
partidário e religioso onde se troca a constituição da Ordem dos Assistentes
Sociais pelo Dia Nacional do Peregrino.
Presenciamos o
aumento das ilegalidades e abusos sociais promovidos por profissões que apenas
observam o resultado quantitativo e não qualitativo, onde o surgir de vertentes
sociais nessas profissões têm literalmente ROUBADO de forma indescritível os
postos de trabalho que por direito de competências tocam ao Assistente Social,
levando-nos a números de desemprego que afirmo, assustam-me.
Vive-se um paradoxo
onde observamos alguns deputados, aqueles que veemente votaram contra a Ordem
dos Assistentes Sociais, ainda bem que não são todos, a tomarem posições que pessoalmente
me envergonham pela sua hipocrisia e cinismo, correndo rotineiramente para a
missa todos os domingos e outros até voluntariamente despendem algum do seu
tempo, diga-se que irão dar mais tempo quando estivermos próximo do dia 4 de
Outubro, em associações de solidariedade. Só ainda não descobri se também
gostariam de ser Assistentes Sociais.
Desregulamentação,
Desordem, Descaracterização e Descontextualização são neste momento os
ingredientes difundidos pelo actual governo, onde cada vez mais assistimos a
uma liberalização inconsciente dos conteúdos funcionais, éticos e deontológicos
da profissão, levando a que muitos profissionais do serviço social
involuntariamente desconsiderem de facto a emergência das centenas de processos
com que se deparam diariamente em cima da sua secretária, impedindo saídas
externas, levando-os a considerar decisões ou posições sociais muitas vezes
desacertadas. Situação de muito agrado para outras profissões que têm sido
motivadas pelo lobby governamental e de aliança.
Pela primeira vez
tomo a minha responsabilidade como cidadão e acima de tudo como ASSISTENTE
SOCIAL de afirmar publicamente, a MENTIRA e a IRRESPONSABILIDADE que este
governo tem promovido e submetido os profissionais de serviço social, um
governo de empreiteiros do DESEMPREGO na classe e ANTISOCIAL da sociedade pelas
políticas sociais em geral que tem implementado. É um governo de NÚMEROS
QUANTITATIVOS onde a decência pelo serviço social é coisa que não existi nem se
faz intenção de a considerar.
Nota de rodapé
Este texto em
nada espelha uma opinião colectiva ou institucional por parte da Associação dos
Profissionais de Serviço Social ou de terceiros, em especial os Assistentes
Sociais a não ser a minha exclusiva reflexão.
Vitor Bento Munhão - Assistente Social
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