Vítor Bento Munhão - Assistente Social
Poderá ou não
esta reflexão fazer sentido para o Serviço Social? Para mim faz todo o sentido.
Tentando uma afinidade
entre o Assistente Social e o Samurai, mais correctamente designado por Bushi, podemos
em tudo e consubstanciando a essência do Serviço Social e as quatros colunas de
valores éticos e deontológicos que escoravam a vida de Bushi fazer uma analogia
muito próxima dos conteúdos culturais e digamos profissionais de ambas as Culturas.
Não temos que nos
inibir de nos considerarmos também nós Assistentes Sociais, os Samurais da
actualidade. Disciplina na
sua acção diária, Código de Honra na
sua responsabilização profissional e relação com o cidadão, Lealdade
para com os ensinamentos do Serviço Social e defesa da dignidade da pessoa
humana, Habilidade na resolução dos muitos problemas sociais
constantes e cada vez mais com génesis complexa e diversificada.
O Assistente Social
é um autodidacta por natureza, investigador social por competência, empreendedor
por necessidade, voluntário por opção entre muitas das características
desenvolvidas pela sua formação pro-actividade e multiplicidade de conteúdos teórico
e práticos. Considerado pela sociedade ocidental uma pessoa áspera e de práticas
rudes, nada podia ser mais errado. Bushi venerava a Arte e a Cultura. Notáveis da
poesia, caligrafia, pintura tentavam atingir os níveis do que se pode
considerar a Perfeição. O AS tem na sua génesis académica e vocacional a defesa
fundamental dos direitos do cidadão, da sociedade propriamente dita tal como
Bushi defendia a sua cultura e tradição, a sua Comunidade. Apesar da sociedade contemporânea
e em especial a Portugal nos considerarem de uma forma geral incomptos, absolutistas
e donos dos auxílios sociais. Nós também somos Humanos e temos os nossos credos
culturais e tradicionais que em muitas condições apenas nos permitem pela força
das políticas partidária e de governo a mera execução tecnicista, inibindo-nos da
tão desejada criatividade profissional.
Infelizmente, a
tradição Bushi extinguiu-se, talvez por força da modernização das armas de
guerra e pela própria arte de fazer a Guerra. Do meu ponto de vista urge de uma
vez por todas e independentemente da crença politica, a unificação da opinião profissional
da classe e que tem sido defendida com os valores da profissão e a ética profissional
por parte da Associação dos Profissionais de Serviço Social. Saliento tal como o
pensamento Bushi, a defesa de uma cultura não pode ser dispersa e individual mas
sim massificada e construtiva, reforçando a acção e o posicionamento
profissional na sociedade. Permitindo que as forças representativas da classe reforcem
o seu poder guerreiro e cultural para a defesa do Serviço Social e do
Assistente Social.
Perdeu-se mais uma
das muitas Batalhas travadas nos últimos quinze anos mas, ainda não se perdeu a
Guerra! É emergente a adopção de novas estratégias profissionais e reivindicativas
na defesa não só do Assistente Social mas e essencialmente do Serviço Social de
forma a não nos tornarmos Bushi´s, tocando bandolim e rogando nas muitas vielas
do pais do Sol Nascente!
Nota de rodapé
Este texto em
nada espelha uma opinião colectiva ou institucional por parte da Associação dos
Profissionais de Serviço Social ou de terceiros, em especial os Assistentes Sociais
a não ser a minha exclusiva reflexão.
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