quinta-feira, 20 de abril de 2017

O OSTOMIZADO E A SOCIEDADE - REGRESSO AOS ANOS 90, DIREITO DA LIVRE ESCOLHA “ESGOTADO”

Vitor B Munhao
Assistente Social / associate of Associação dos Profissionais de Serviço Social / Associate of British Association of Social Worker / Associate of World Council of Enterostomal Therapists / Social Worker Expert in Ostomy Community

Durante anos foi desenvolvida uma luta pacífica, ética e de responsabilidade social por diversas entidades sociais e representativas do ostomizado, no sentido de proporcionar um conhecimento dos seus direitos, em especial do direito da livre escolha do seu dispositivo e em grande parte com a ajuda do profissional de enfermagem, do dispositivo que melhor se adequa ao seu estoma. Um direito que não é alienável do ponto de vista dos direitos do doente e da pessoa.

No entanto os grandes grupos económicos lutam sem qualquer preocupação ou escrúpulos, pensando única e exclusivamente do ponto de vista financeiro.

Hoje somos confrontados com a imposição de usar o dispositivo que o fabricante ou farmacêutico quer utilizando as necessidades e o desespero do Ostomizado como arma a favor do seu negócio.

Começar o dia com telefonemas de indivíduos ostomizados que se deslocaram à farmácia para adquirir o dispositivo da marca X e são obrigados a levar a arca Y porque o farmacêutico afirma que a marca que o cliente tem por hábito usar está esgotada é de lamentar. De facto o produto não se encontra de forma alguma esgotado mas, sim é levada a cabo uma campanha camuflada e desleal para com a pessoa ostomizada.

Sabe-se em concreto que ostomizados com mais de 10 anos de utilização de uma determinada marca, estão a ser obrigados a mudar sem qualquer aviso prévio ou aconselhamento de enfermagem para uma mudança radical do seu dispositivo. Outros obrigados a pagar o valor global do produto, condição que não se lembra na história dos direitos do ostomizado desde 1995 e mais tarde serem reembolsados porque a receita está mal passada ou a farmácia não foi informada da nova legislação.

Mas, mais grave passa pelo facto de deixar de ser necessário a colocação na receita do CNP (Código Nacional do Produto) depois de tanta imposição por parte do INFARMED e ao contrário do que obriga a nova legislação, situação que permite ao farmacêutico e grupo económico, gerir a seu belo prazer o que quer que o ostomizado passe a usar.

Estranho o facto de alguns profissionais de enfermagem afirmarem que tudo está a correr muito bem, será mesmo que sabem o que se está a passar? Será, que o trabalho de investigação que desenvolveram durante anos é pura e simplesmente eliminado e substituídos por uma área que nem sabem muito bem o que é uma ostomia de eliminação, como é o caso dos distribuidores e farmacêuticos?

De facto o que tenho vindo a defender, começa a destapar-se e a mostrar de facto a verdade de um negócio que rende milhões para grupos e perde o respeito pela condição física, emocional da pessoa Ostomizada!

Apenas se vislumbra uma solução que passa pelo demonstrar junto dos ditos decisores, quem são os ostomizados!

O Ostomizado é um cidadão de pleno direito!     

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