(*) Vitor B Munhao
Desde
sempre e agora cada vez mais nos apercebemos dos secessionismos extemporâneos profissionais
e o pavor de que nos roubem a profissão.
Cada vez
mais isolados e sem qualquer tipo de substancia de prova o Serviço Social em Portugal
é tido como uma profissão de segunda categoria, permitindo que alguns lobys a
seu belo prazer se imiscuam em toda a gestão desta profissão, seja na regulação
ou na defesa dos direitos sociais e profissionais. A preocupação do “quem é e
não deixa de ser” seja a atingir o nível do ridículo onde se afastam excelentes
profissionais apenas por se terem formado num Politécnico, coisa que ainda não
percebi muito bem onde está a diferença quando percebo docentes que dão aulas
em ambas as instituições académicas.
Algo de
muito mau vai neste país quando assistimos ao reinar de uma luta desorganizada e
provocada pelos interesses obscuros de alguns grupos. Grupo que e em causa
própria lhes interessa esta confusão, promovendo contextos de indefinição e
recusando a assumir um papel organizativo ou digamos até mesmo de apaziguamento
profissional. Grupos onde a recusa inclusive da especialização profissional é
algo aterrador levando-os a negar por completo o factor vital e importância de
uma Assistente Social com uma Especialização!
Perceber o
que são os Politécnicos ou Universidades? Num contexto de ensino Público ou
Privado? Em que ficamos, quando temos que admitir que algumas das antigas escolas
são hoje talvez os principais interessados na desorganização face ao baixar
drástico do numero de alunos em cada ano e onde tudo gira em redor do dinheiro
e de grupos VIP´s!
Professores
que misturam a sua docência entre o público e o privado e onde julgo que não
devem ter programas específicos para cada uma das entidades onde leccionam logo
pergunto, qual a diferença entre um Politécnico e uma Universidade? Quando e
afinal de contas as universidades são os maiores produtores de desempregados e
onde se pode comprovar o número de profissionais a emigrar.
Podemos
hoje afirmar que no período entre Janeiro de 2014 e Agosto de 2017 os
profissionais que se formaram em Universidades portugueses superaram em larga
escala os que se formaram em Politécnicos, não quero com isto afirmar que um
politécnico tem maior percentagem de empregabilidade, mas que supostamente está
ao nível de uma Universidade, não tenho duvidas!
Para se
perceber algumas ideias ou afirmações temos que estar minimamente integrados no
contexto profissional de diversas profissões, nomeadamente ao nível do
Assistentes Social e Educador Social onde quer se goste ou não as diferenças
formativas são pouco diferenciadas, provocando as mais diversas discussões de concordância.
Assim
podemos tomar em consideração que no período mencionado, a taxa de desemprego é
bastante elevada e sem qualquer controlo por parte das entidades formativas ou
representativas das duas classes.
Não existindo
um registo fidedigno dos Assistentes Sociais em Portugal, apenas um número
pouco fiável +/- 14 mil profissionais foi desenvolvido um estudo sobre as suas
origens académicas, condições de trabalho e empregabilidade do Assistente
Social Português fora de Portugal entre o período mencionado 01/2014 e 08/2017
tendo sido validada uma amostra de 248 profissionais a residir fora do País e
considerando em exclusivo o Reino Unido, onde 46% são oriundos de Universidades
e Institutos Superiores considerados de renome, como é o caso da Universidade
Católica, Instituto Superior de Serviço Social do Porto/Lisboa e Universidade
de Trás-os-Montes e Alto Douro, seguindo-se o Instituto Superior Miguel Torga e
a Universidade Lusófona de Lisboa e Porto.
Universidade de Coimbra e dos Açores
ficam-se pelo meio da tabela com 19% dos profissionais a residir em Inglaterra
e no País de Gales. O Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas com
11% dos profissionais a “optar” por trabalhar em terras britânicas. 7% destes
profissionais optaram por tirar o seu grau académico em universidades
Britânicas, como London College University, East Anglia University ou Oxford
University, 2% na Universidade de Murcia e Universidade de Santiago de Compustela.
Entre 10 a 15% são profissionais formados nos Politécnicos de Beja, Viseu ou
Castelo Branco entre outros. Assim deixo ao critério da avaliação de cada um
para que possam tirar as conclusões que julguem mais adequadas sobre os números
presentes e importância dos estabelecimentos de ensino.
De facto e
cada vez mais apesar do fecho de alguns cursos dos 23 que existiam em 2015,
julgo ser tarde de mais pois o número de desempregados foi produzido durante os
últimos quinze anos sendo que e na minha opinião minimizar esse número a
valores europeus obriga a que a estrutura profissional e representativa tem
obrigatoriamente que mudar o paradigma muito em especial com o assumir das especializações,
acrescida obrigatoriamente da devida regulamentação, seja ela através de uma
Ordem Profissional ou de uma entidade reguladora tal como no Reino Unido onde a
taxa de desemprego se situa perto de 2.12% em muito provocado pela forte taxa
de entrada de profissionais oriundos do mundo inteiro ou até pelas mais
diversas especializações promovidas pelos estabelecimentos de ensino a partir
do terceiro ano de curso.
Julgo que
e para marcar de uma vez por todas as profissões que integram os serviços
sociais portugueses, em especial a do Assistente Social e do Educador Social,
devemos constituir-nos como parceiros privilegiados de discussão e permuta de
conhecimento, caso contrário continuaremos a ser “comandados” por fontes
externas e sem qualquer plasma de conhecimento de uma realidade cada vez mais
descontextualizada da profissão e dos seus conceitos.
Espanha é
também um exemplo a seguir, onde e também de igual forma é reconhecida e incentivada
a especialização nas mais diversas áreas, como a área clinica hospitalar, saúde
ou o contexto ambiental, Portugal continuamos a navegar ao sabor dos ventos de
norte ficando cada vez mais a milhas de distância da inovação formativa.
(*) licenciado em Serviço Social / Pós-graduado
em Gestão de Unidades Sociais e de Bem-estar / Consultor / Member of the
Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) / Member of the British
Association of Social Worker (BASW) / Member of the British College of Social
Work (BCSW) / Member of the International Association for the Defense of the
Ostomy Person (AIDPO) / Member of the World Council of Enterostomal Therapists
(WCET)
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