domingo, 15 de outubro de 2017

SERVIÇO SOCIAL E A DESGOVERNAÇÃO PROPOSITADA DA PROFISSÃO EM PLENO SÉC XXI

(*) Vitor Munhao

É geral o conhecimento para quem está minimamente atento as enormes dificuldades pela qual passam os Assistentes Sociais onde e em muitos casos o recurso aos subsídios estatais, aqueles que podem é uma escapatória.

Por outro lado os que possuem uma posição laboral precária são colocados em posições de autentica escravatura moderna, onde o horário e funções vão para além daquilo que se possa considerar minimamente humano. Todos os dias observamos os tais concursos por medida e (i) legalmente consentidos pelo Estado, que teima em se alhear do rigor que seria necessário no cumprimento de uma lei-quadro que permite um baile silencioso onde todos dançam ao sabor de vontades institucionais e de interesses económicos ao ponto de “enxotarem” profissionais com conhecimento profundo da profissão em benefício do tal amigo que tem um familiar que precisa de uma boa posição e que até têm o cartão do partido.  

Percebemos dia após dia as dificuldades que são publicadas por alguns profissionais menos preparados que abertamente e sem receios denunciam casos de vertiginosa desagregação do conceito social aprendido durante a sua formação e que os leva a questionar sobre de facto terá sido uma boa opção a escolha da profissão. Torna-se emergente o apaziguar das culturas profissionais e de conhecimento, para que em conjunto se construam “exércitos” que para além de organizados devem também estar estruturados para uma luta que se avizinha sem precedentes. Cada vez mais tomamos noção do desconforto provocado na classe e em outras que de uma forma em tudo semelhante começam a perceber que tudo aquilo em que acreditam, não passa de pura ficção cientifica.

Nos últimos meses toma-se conhecimento sobre o aumento do número de contractos onde o designado director técnico ou de serviços que é assumido pela figura de técnico auxiliar de serviço social, recusando as instituições o assumir da contratação como director face aos custos mensais que acarreta essa categoria profissional, apesar de consubstanciada na legislação própria. Definitivamente não só uma diminuição do respeito pela sua dignidade profissional, mas também um arrecadar de verbas que deixam de ser pagas pelas instituições de solidariedade, principais interessadas nesta desorganização estrutural da classe. Tornando-se triste observar profissionais seja qual for a área de estudo, serem “obrigados” ao exercício diário de 12, 14 ou 16 horas para manterem o seu posto de trabalho, de onde conseguem uns míseros €690 ilíquidos ou pouco mais. Nesta matéria e face ao factor de fragilidade e necessidade por parte de cada um que ainda ocupa um posto de trabalho, torna-se muito difícil a contestação ou denúncia por receios de perca ou represálias.

Na acção profissional continuamos a pensar do ponto de vista do que é “fashion” e não pelo que é de facto necessário levar por diante contra todas as correntes predefinidas pela sociedade formativa ou dos interesses instalados no que se define como terceiro sector! Pelos tais núcleos duros de ditos “Pensadores”, levando a que e cada vez mais a sociedade profissional assista impávida e serena, mesmo que estejam em desacordo. Temendo o bloqueio dos grupos dominantes e de interesses obscuros na defesa dos que e que pelas mais diversas razões são dependentes, temporariamente dos apoios sociais.

Lastimosas e demagogas não deixam de ser as avaliações feitas por alguns “profissionais” da política partidária sobre o contexto social e as políticas sociais construídas sobre o próprio serviço social em si, organizando planos maquiavélicos para que o Serviço Social seja avaliado de uma forma dúbia e de conveniência às intenções dos “reguladores”, os mesmos que se intitulam beneméritos na sua acção social e que defendem e praticam o assistencialismo de conveniência assente no pilar do “coitadinho”! Não deixo de lamentar o degradar das relações entre profissões e classes, condição que leva ao minimizar das viabilidades de troca de conhecimento colectivo e individual do profissional.  

Se somos culpados pelo actual desrespeito da profissão, dos profissionais e pela inactividade participativa na produção de politicas sociais, óbvio que somos os principais culpados. Soluções? Talvez uma massificação estruturada das próprias profissões remetendo os interesses de grupo e olhar para o agregar de forças colectivas como uma forma de levar por diante o propósito e essência do Serviço Social, observando os conhecimentos das profissões e dos seus profissionais como ferramenta de construção dos pilares éticos e de conhecimento para o erguer da auto-estima de algumas das profissões que compõem o Serviço Social e a sua acção!


(*) licenciado em Serviço Social / Pós-graduado em Gestão de Unidades Sociais e de Bem-estar / Member of the Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) / Member of the British Association of Social Worker (BASW) / Member of the British College of Social Work (BCSW) / Member of the International Association for the Defense of the Ostomy Person (AIDPO) / Member of the World Council of Enterostomal Therapists (WCET)

1 comentário:

  1. Gostava de ter sido eu a escrever este texto. Está absolutamente fantástico.

    ResponderEliminar

OPINANDO A (DES)AUTORIDADE DO AGENTE DA PSP

  Após a chamada telefónica assisti, não só celeridade na chegada, profissionalismo na abordagem quer com a minha pessoa quer com a pessoa l...