terça-feira, 21 de setembro de 2021

SERVIÇO SOCIAL, O DESÂNIMO (IN)VOLUNTÁRIO E AS DEMAGOGIAS PARTIDÁRIAS DE CONVENIENCIA!

Desregulamentação, Desarrumação, Descaracterização e Descontextualização com certeza os ingredientes ideais para alimentar a desmotivação profissional do Assistente Social.

Em Portugal estima-se um número aproximado 17.000 assistentes sociais em que +/- 30% está no desemprego. Na ordem dos 60% estão integrados em IPSS´s e restantes 10% no sistema da função pública. É lógico, que o dito patronato se sinta melindrado, pois a OAS a surgir muita coisa supostamente iria mudar em especial nas IPSS´s e Misericórdias, estas a contratar “encarregados” com o 12º ano e auxiliares com “conhecimentos” em Serviço Social.

Cada vez mais assistimos a uma liberalização de conveniência dos conteúdos académicos onde a “batalha campal” entre universidades publicas, privadas e politécnicos levam a meu ver ao agravamento da descaracterização académica por conveniência financeira. Criando formações digamos por conveniência rápida para que não fechem portas.

Anualmente as escolas de serviço social produzem um elevado número de desempregados, talvez me arrisque a afirmar mais de 70% dos licenciados, derrotados pelo cansaço emocional e físico provocado pela inglória procura de emprego, desistem. Optando pela vida profissional em outros países nomeadamente Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, África do Sul, Dinamarca ou Países Baixos. Financeiramente e muitas vezes em desespero de causa por que as despesas são mensais consentem posições de trabalho mal remuneradas e sem quaisquer garantias de futuro a não ser o baixar a cabeça, para conseguir ter o prato de sopa na mesa. Posições onde o patronato não tem qualquer consideração ou respeito pela dignidade deste reforçado com a cumplicidade de algumas confederações com conhecimento efectivo destas matérias e que fecham os olhos auxiliados pela inactividade dos órgãos representativos da classe, onde a acção sindical é nula e sem credibilidade assim como uma Associação pouco virada para a defesa social e profissional dos Assistentes Sociais.

Academicamente falando e se analisarmos com honestidade, as escolas estão a “fabricar” excedentes o que por sua vez promove o desemprego, a descaracterização da profissão e o aumento da emigração nos nossos licenciados.

Observando políticos que fazem comparativos académicos e onde fica bem latente o desconhecimento total do que falam, como é o caso da Espanha, onde os colégios da profissão regulam, falam do Reino Unido onde apenas existe uma entidade reguladora das ciências sociais e afins onde se integra o Assistente Social, o HCPC, agora Social Worker for England que não é uma Ordem Profissional, mas sim uma entidade que regula várias profissões. O British College of Social Work fechou em Junho de 2015 por falta de verbas e onde por acaso até fui membro, desde 2012. Discute-se o Conselho Federal Brasileiro do Serviço Social onde estão registados todos os profissionais e que é de longe a que mais se aproxima de uma ordem profissional das que mencionei. No entanto nenhum dos “dignos deputados” teve ou tem a leveza de contactar ou procurar junto destas entidades e principalmente junto da APSS, digo eu, qual a definição de Serviço Social. Abriram a boca e pintaram a manta com a cumplicidade de todos os partidos políticos, em especial o Partido Socialista e Partido Social Democrata que têm nos seus quadros o maior número de Assistentes Sociais como deputados!

Não observo também qualquer acção por parte da Federação Internacional dos Assistentes Sociais, questionando mesmo o seu propósito e onde a cota anual paga pela APSS, leia-se financeiramente é elevado o valor desta cota face às receitas obtidas pela APSS, o que me deixa pensativo, como já o demonstrei por várias vezes. Afinal de contas qual o papel da FIAS ou a Europe – International Federation of Social Workers? Onde tivemos representantes portugueses em lugares de destaque e que literalmente se rociaram, incluindo o não comparecerem em congressos da APSS, Coimbra por exemplo!  Ou supostamente as inúmeras reuniões pela europa fora onde nunca ou pouco se soube dos seus resultados, se é que existiram e qual o benefício para o assistente social em Portugal.

É mais que evidente a necessidade de estruturar não só através da regulamentação para o exercício da profissão, mas também a área académica sendo na actualidade uma arte em constante “assalto” não apenas nas suas competências, mas acima de tudo nas posições profissionais por áreas académicas criadas pelos mesmo que lecionam na licenciatura em serviço social ou os mesmos que e com grande pompa e circunstância apregoam a defesa, mas criam “cursos técnicos de serviço social e desenvolvimento comunitário” ou “Serviço Familiar e Comunitário”, Gerontologia entre outros  para conseguirem dar resposta às muitas exigências de determinados grupos ditos da Solidariedade!

Teimosamente alguns dirigentes partidários continuam a insistir na desregulamentação da profissão, muito em especial no seio do Partido Socialista através dos hipotéticos “comissários educativos e de larga experiência” que bloqueiam a regulamentação. “Comissários” que eles próprios docentes em escolas de serviço social onde “ensinam” a tal teoria do assistencialismo especulativo porque os pobrezinhos, nunca podem deixar de ser pobrezinhos, mas que fora espadeiram lutas de bastidores não pela defesa da profissão, mas sim em conseguir o melhor “trem de cozinha”!  

Regulamentar a profissão através de uma Ordem Profissional no presente provoca-me fortes dúvidas não só pelo que se espera, um agrupar de todas as profissões relacionadas com as ciências sociais, mas também pelo grande lobby existente dentro das escolas de serviço social de onde nunca saiu um “esquadrão de ataque” talvez pelos mais diversos receios, despedimentos, represálias, etc. ou quem sabe também por uma estratégia do bem com deus e com o diabo!

Está subentendido o receio e completo desconhecimento por parte de alguns dos intervenientes políticos sobre a constituição da OAS, sendo que desconhecem por completo e passo a citar, qual a (…) a assistência social que fazemos (…) ou que (…) devemos aprofundar mais as razões da OAS (…) esta podia utilizar um palavrão cá do arrabalde, mas…

Assistimos a políticos, que até enfiavam botas de borracha e vestiam calças de ganga quando visitavam bairros sociais ou outros que constroem grandes planos sociais de campanha onde os executantes são economistas e advogados ou psicólogos, desconhecendo a nossa importância. Observamos alguns “Assistentes Sociais” em posições de influência nomeadamente como deputados, deputados que em nada dignificaram a profissão, muito pelo contrário em algumas matérias envergonharam por completo deixando bem claro o seu intento e a sua subserviência política.

No entanto o que se pode esperar num momento dramático vivido nesta pandemia onde nem uma referência foi feita ao óbito de Assistentes Sociais ocorrido em 2020 no momento de maior complexidade da pandemia ou o facto de termos colegas na frente de combate a criar pontes entre a própria ANPC e o Ministério da Saúde, ARS, Centros de Diagnostico Covid19 ou Assistentes Sociais em enfermaria ou em UCI, está tudo dito!

Quando a própria Dra. Ana Mendes Godinho que tutela o MTSSS desconhece por completo a nossa acção, apenas comenta a acção de outros profissionais, que com todo o respeito faço a minha vénia de agradecimento, remetendo para a gaveta o papel fundamental que tivemos na gestão de lares entre outras instituições publicas e privadas. Talvez ninguém tenha prestada a devida informação sobre a profissão, quem somos e o que fazemos! No entanto mesmo em tempo de pandemia as promoções e nomeações políticas estão ao mais alto nível!

“O Assistente Social é um Mediador de excelência entre as políticas sociais e a sociedade devendo ser parte activa na sua construção e a Pessoa, Grupo ou Comunidade. Que não existam disso duvidas!”

Vitor B Munhão

May the force be with all of you!

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