domingo, 11 de junho de 2017

SERVIÇO SOCIAL NUM VAZIO DE VONTADE COLECTIVA

Vítor B Munhao (*)
A conversa vai longe e sem previsão de soluções que aliviem o stress com a que a profissão tem vivido nos últimos anos. Se paramos um pouco e pela vontade interior que nos move como Assistentes Sociais temos que admitir que não conseguimos arrogar um papel de introspeção associativa.
Não somos formados academicamente para uma defesa social dos objetivos da profissão através das entidades representativas, recusando individualmente ou por influencia de terceiros admitir a importância num suposto estado de direito o facto de nos ser permitido a constituição de associações representativas da classe.
Portugal ao contrário de outros países como Espanha, Canadá, Inglaterra ou até mesmo o Brasil tem-se mantido na sombra da azinheira aguardando que algo se manifesta em sua defesa, levando a que um numero elevadíssimo de profissionais se mantenham numa posição de desemprego ou em condição de trabalho instável. Atitude esta que consente que outras formações académicas se apropriem gradualmente do que de facto é o contexto profissional do Assistente Social.
Qualquer uma das entidades representativas da classe em Portugal é portadora de um objectivo social, do meu ponto de vista bem distintos passando pela defesa e regulação da profissão e a defesa dos seus profissionais, sejam ou não associados.
O peso do associativismo é de tal forma importante que e pelo facto de não interiorizarmos essa mesma importância estamos sujeitos a incorrer no risco de uma queda brutal e perca dos poucos direitos sociais e profissionais que ainda nos restam.
Cabe a cada um de nós uma reflexão pessoal sobre a nossa importância e representatividade da classe na defesa de todos os profissionais quer se goste ou não de quem as representa. Julgo que andamos muito sentados num academicismo associativo de tabuleiro onde a formação nas bases do ensino é evitada ao máximo.
Se analisarmos do ponto de vista da complementaridade da nossa formação geral entendo que a mesma nunca estará completa se não nos formarmos também como defensores da profissão, i.e., como é possível defender respostas ou politicas sociais de qualidade se não nos conseguimos defender a nós próprios enquanto profissionais? Se não conseguimos debater seriamente um formato estratégico para a nossa protecção quanto mais a defesa do nosso “target”, do fundamento da nossa existência enquanto mediadores/interventores sociais.
É óbvia e bem presente a nossa intransferível responsabilidade não só como Assistentes Sociais, mas acima de tudo como profissionais inactivos não só na luta pelos direitos sociais da profissão como pelo respeito profissional e dos profissionais.
Em suma, seja qual for a opinião e gosto pessoal de cada um dos milhares de profissionais nunca podemos de deixar de considerar a relação de entreajuda colectiva, constituindo-nos como uma classe profissional COESA do ponto de vista organizacional e FORTE como estrutura profissional.
Julgar sem fazer parte é FÁCIL, mas acreditem que criticar fazendo parte, ainda mais DIFÍCIL se torna quando nos apercebemos da complexidade do acto de reivindicar os direitos, da reivindicação do respeito pela classe ou quando exigimos a defesa dos profissionais!
Criticar sim, mas com legitimidade, legitimidade que apenas se adquire com a uma participação activa de todos e não só de alguns!


(*) licenciado em Serviço Social / Pós-graduado em Gestão de Unidades Sociais e de Bem-estar / Member of the Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) / Member of the British Association of Social Worker (BASW) / Member of the British College of Social Work (BCSW) / Member of the International Association for the Defense of the Ostomy Person (AIDPO) / Member of the World Council of Enterostomal Therapists (WCET)

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