Vítor B Munhao (*)
A conversa vai longe e sem previsão de soluções que aliviem o stress com
a que a profissão tem vivido nos últimos anos. Se paramos um pouco e pela vontade
interior que nos move como Assistentes Sociais temos que admitir que não
conseguimos arrogar um papel de introspeção associativa.
Não somos formados academicamente para uma defesa social dos objetivos
da profissão através das entidades representativas, recusando individualmente
ou por influencia de terceiros admitir a importância num suposto estado de
direito o facto de nos ser permitido a constituição de associações
representativas da classe.
Portugal ao contrário de outros países como Espanha, Canadá, Inglaterra ou
até mesmo o Brasil tem-se mantido na sombra da azinheira aguardando que algo se
manifesta em sua defesa, levando a que um numero elevadíssimo de profissionais
se mantenham numa posição de desemprego ou em condição de trabalho instável. Atitude
esta que consente que outras formações académicas se apropriem gradualmente do
que de facto é o contexto profissional do Assistente Social.
Qualquer uma das entidades representativas da classe em Portugal é
portadora de um objectivo social, do meu ponto de vista bem distintos passando
pela defesa e regulação da profissão e a defesa dos seus profissionais, sejam
ou não associados.
O peso do associativismo é de tal forma importante que e pelo facto de
não interiorizarmos essa mesma importância estamos sujeitos a incorrer no risco
de uma queda brutal e perca dos poucos direitos sociais e profissionais que
ainda nos restam.
Cabe a cada um de nós uma reflexão pessoal sobre a nossa importância e
representatividade da classe na defesa de todos os profissionais quer se goste
ou não de quem as representa. Julgo que andamos muito sentados num academicismo
associativo de tabuleiro onde a formação nas bases do ensino é evitada ao
máximo.
Se analisarmos do ponto de vista da complementaridade da nossa formação geral
entendo que a mesma nunca estará completa se não nos formarmos também como defensores
da profissão, i.e., como é possível defender respostas ou politicas sociais de
qualidade se não nos conseguimos defender a nós próprios enquanto profissionais?
Se não conseguimos debater seriamente um formato estratégico para a nossa protecção
quanto mais a defesa do nosso “target”, do fundamento da nossa existência enquanto
mediadores/interventores sociais.
É óbvia e bem presente a nossa intransferível responsabilidade não só
como Assistentes Sociais, mas acima de tudo como profissionais inactivos não só
na luta pelos direitos sociais da profissão como pelo respeito profissional e
dos profissionais.
Em suma, seja qual for a opinião e gosto pessoal de cada um dos milhares
de profissionais nunca podemos de deixar de considerar a relação de entreajuda
colectiva, constituindo-nos como uma classe profissional COESA do ponto de
vista organizacional e FORTE como estrutura profissional.
Julgar sem fazer parte é FÁCIL, mas acreditem que criticar fazendo parte,
ainda mais DIFÍCIL se torna quando nos apercebemos da complexidade do acto de reivindicar
os direitos, da reivindicação do respeito pela classe ou quando exigimos a
defesa dos profissionais!
Criticar sim, mas com legitimidade, legitimidade que apenas se adquire
com a uma participação activa de todos e não só de alguns!
(*) licenciado em Serviço Social
/ Pós-graduado em Gestão de Unidades Sociais e de Bem-estar / Member of the
Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) / Member of the British
Association of Social Worker (BASW) / Member of the British College of Social
Work (BCSW) / Member of the International Association for the Defense of the
Ostomy Person (AIDPO) / Member of the World Council of Enterostomal Therapists
(WCET)
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