segunda-feira, 20 de novembro de 2017

ASSISTENTES SOCIAL E O SABER OUVIR - COMUNICAR SENTIMENTOS DO VAZIO!

(*) Vitor B Munhao

O Saber comunicar provoca a participação no desenvolvimento do ser humano e a sua relação profissional com o utente. Desenvolver as potencialidades através de técnicas de sensibilização corporal, vocal e jogos de improvisação levando a uma integração de grupo e a titulo individual proporcionando a segurança necessária para enfrentar as enumeras dificuldades intrínsecas ao exercício da nossa profissão, urge implementar. Não se pensar no factor comunicacional é a forma de transportar a humanização da relação profissional/utente para uma pura ilusão num futuro a médio prazo.

Devemos admitir que vivemos uma humanização imaginária dos serviços sociais, sob pena de começarmos a habitar num vazio dos sentimentos reais, onde cada vez mais a presença dos ditos “humanizadores camuflados” num conceito do que é “fashion”, nada conhecem de um sentimento tão forte como é a relação interpessoal entre indivíduos, livre de fachadas e assente na verdadeira relação da comunicação e dos valores humanos.

Em muito o desconhecimento do tal Saber ouvir e Saber estar está cada vez mais presente transformando-se num sentimento tecnicista presente no dia-a-dia da profissão. Onde nos passa ao lado o verdadeiro sentimento como se fossem palavras sem valor ético e que no meio de uma conversa fica sempre bem. Aumenta o receio de mostrarmos realmente as nossas lágrimas ou palavras de motivação junto de quem procura a nossa profissão pelas mais diversas razões, julgando que essa atitude nos faz perder o controlo do caso. No entanto e se nos encontrarmos no lado contrário da secretária ficamos logo a perceber o que está em causa porque sentimos exactamente a frieza técnica de uma conversa pré-programada e muitas vezes sem sentido para o utente.  

Como Assistentes Sociais, como promotores de mudança, mediadores entre o Estado e a Sociedade devemos admitir que uma das grandes essências do Saber passa exactamente pelo transmitir desse Saber, ajustado com palavras sensibilizadoras e acima de tudo firmes na sua certeza e humildade. Palavras e sentimentos que minimizem a falta de informação ou formação que conduz a um sentimento do desconhecimento pessoal e familiar do problema por parte do utente.

Perceber a mudança contínua da sociedade onde o próprio Assistente Social está em grande percentagem no lado de lá da secretária, como utilizador dos serviços deve mostrar-nos a nossa fragilidade não só como profissionais, mas também como utilizadores dos nossos próprios “Saberes” dando-nos infelizmente a perceber o que é ter uma atitude robotizada, fria e sem sentimentos e que em muitos casos um simples, “Como posso ajudar?” faria toda a diferença junto de quem nos olha como uma ponte para uma solução de ajuda, de apoio!

Comunicar é algo tão vital que deveria estar em sintonia com o ensino académico da profissão, considerando o aprender a identificar o tom de voz, sinais corporais ou o simples olhar seja tão importante como o considerar dos conceitos teóricos e práticos!  

Todos fazemos questão de dizer que os nossos serviços são os melhores e os mais adequados mas, a velha questão do “coitadinho do velhote” contínua no diálogo diário para com a pessoa criando clichés do tipo “tá na hora do levantar” e “às 20 horas é hora de dormir”, quando na nossa vida pessoal nos deitamos quando bem nos apetece e não admitimos o contrário!   

“Todos podemos controlar a dor excepto aquele que a sente.”

(William Shakespeare)

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