(*) Vitor B Munhao
O Saber comunicar provoca a participação no desenvolvimento do ser humano
e a sua relação profissional com o utente. Desenvolver as potencialidades
através de técnicas de sensibilização corporal, vocal e jogos de improvisação
levando a uma integração de grupo e a titulo individual proporcionando a
segurança necessária para enfrentar as enumeras dificuldades intrínsecas ao
exercício da nossa profissão, urge implementar. Não se pensar no factor comunicacional
é a forma de transportar a humanização da relação profissional/utente para uma
pura ilusão num futuro a médio prazo.
Devemos admitir que vivemos uma humanização imaginária
dos serviços sociais, sob pena de começarmos a habitar num vazio dos sentimentos
reais, onde cada vez mais a presença dos ditos “humanizadores camuflados” num
conceito do que é “fashion”, nada conhecem de um sentimento tão forte como é a
relação interpessoal entre indivíduos, livre de fachadas e assente na
verdadeira relação da comunicação e dos valores humanos.
Em muito o desconhecimento do tal Saber ouvir e Saber
estar está cada vez mais presente transformando-se num sentimento tecnicista
presente no dia-a-dia da profissão. Onde nos passa ao lado o verdadeiro sentimento
como se fossem palavras sem valor ético e que no meio de uma conversa fica
sempre bem. Aumenta o receio de mostrarmos realmente as nossas lágrimas ou
palavras de motivação junto de quem procura a nossa profissão pelas mais
diversas razões, julgando que essa atitude nos faz perder o controlo do caso.
No entanto e se nos encontrarmos no lado contrário da secretária ficamos logo a
perceber o que está em causa porque sentimos exactamente a frieza técnica de
uma conversa pré-programada e muitas vezes sem sentido para o utente.
Como Assistentes Sociais, como promotores de mudança,
mediadores entre o Estado e a Sociedade devemos admitir que uma das grandes
essências do Saber passa exactamente pelo transmitir desse Saber, ajustado com
palavras sensibilizadoras e acima de tudo firmes na sua certeza e humildade.
Palavras e sentimentos que minimizem a falta de
informação ou formação que conduz a um sentimento do desconhecimento pessoal e familiar do problema por parte do
utente.
Perceber a mudança contínua da
sociedade onde o próprio Assistente Social está em grande percentagem no lado
de lá da secretária, como utilizador dos serviços deve mostrar-nos a nossa
fragilidade não só como profissionais, mas também como utilizadores dos nossos
próprios “Saberes” dando-nos
infelizmente a perceber o que é ter uma atitude robotizada, fria e sem
sentimentos e que em muitos casos um simples, “Como posso ajudar?”
faria toda a diferença junto de quem nos olha como uma ponte para uma solução
de ajuda, de apoio!
Comunicar é algo tão vital que deveria
estar em sintonia com o ensino académico da profissão, considerando o aprender
a identificar o tom de voz, sinais corporais ou o simples olhar seja tão
importante como o considerar dos conceitos teóricos e práticos!
Todos fazemos questão de dizer que os nossos serviços são
os melhores e os mais adequados mas, a velha questão do “coitadinho do velhote”
contínua no diálogo diário para com a pessoa criando clichés do tipo “tá na hora do levantar” e “às 20 horas é hora de dormir”, quando
na nossa vida pessoal nos deitamos quando bem nos apetece e não admitimos o
contrário!
“Todos podemos controlar a dor excepto aquele que a sente.”
(William
Shakespeare)
Sem comentários:
Enviar um comentário